Limites: para que tê-los?

Limites: para que tê-los?

Nos dias 8 e 9 de Setembro, a Escola Arte Criança proporcionou aos pais de seus alunos um encontro com a psicóloga infantil Carol Braga.

O tema do encontro: “Limites: para que tê-los?”, foi baseado no texto de autoria da convidada.

Segue o texto!

Disciplina:

Ensinar aos nossos filhos normas básicas de disciplina e obediência desde que são pequenos é fundamental para incutir-lhes, de uma maneira positiva, as regras e princípios essenciais de convivência e respeito.

As crianças precisam de liberdade para aprender e crescer de forma sadia. Porém, é necessário impor certos limites para seu próprio bem. Através de limitações e algumas proibições, evita-se até que se machuquem, por exemplo. Além do que, as crianças necessitam de limitação, de disciplina, um freio em suas atitudes, pois com isso ela sente que você se importa com o que ela faz, como e porque ela faz, e isso contribui para que ela cresça mais ciente de sua posição na sociedade e também mais segura e confiante.

falta de disciplina dos filhos tem gerado uma geração sem limites, “perdida”, com fatos claramente expostos hoje na sociedade. Digo que tem-se formado uma geração sem culpa. A culpa é essencial para a formação de nossos princípios.

A maior parte dos pais, quando toca no tema disciplina, está mesmo querendo falar sobre punição, sobre como castigar o filho, de modo a evitar que ele se torne um “malvado”. Na maioria dos casos, não há razão alguma para falar em punição. A melhor saída é mostrar através de exemplos qual é a maneira certa de agir. Enquanto são pequenas, as crianças aprendem tudo o que sabem com os pais. Portanto, se elas não têm limites, saiba que a responsabilidade não é delas. É sua! Sem regras sobre horários, sem limite diante da televisão, mandando em casa, a criança reproduz esse ambiente no convívio social. Quando crescem um pouco, surgem outros focos de influência, como os professores e os amigos. Os pais deixam de ser o único modelo a ser seguidos, mas seguem sendo a maior influência sobre os filhos. Em quase toda a vida dos filhos o exemplo dos pais é sempre um referencial de comportamento. Na infância, eles têm o papel de ajudar a criança a fazer uma adaptação crítica às regras sociais.

Disciplina não tem hora. É sempre!

Próximo dos 16 meses, o bebê atinge a completa consciência de si próprio. Antes dependia completamente dos pais, agora já começa a fazer muitas coisas por conta própria: caminhar, usar a colher, pegar os objetos. O desejo de ser autônomo se desenvolve junto com as primeiras conquistas, e o faz afirmar a sua independência até o ponto de protestar porque quer se vestir ou comer sozinho.

No começo, acham que é uma gracinha, pois demonstra que seu filho “sabe o que quer”, “tem opinião própria”, etc. Só que a criança não fica para sempre com a mesma idade… ela cresce e, sem limites, a situação se complica. Quando se dá conta de que nem tudo foi criado para satisfazê-la e que deve controlar suas emoções mais fortes e agressivas e expressá-las adequadamente. Os pais devem estar em ação, pois sozinha não conseguirá.

Os pais devem compreender que não podem ser amigos dos próprios filhos, pois na amizade supõe-se uma interação linear, ou seja, não há hierarquia e todos se manifestam da maneira que têm vontade, algumas vezes com muito exagero. Os pais podem e devem ter atitudes amigáveis, mas não são amigos. Pais são pais, devem dar as regras e limites de comportamento a seus filhos, pois estes não conseguem lidar sozinhos quando o problema é mais conflituoso ou quando as emoções se exacerbam.

Os pais devem ter autoridade sobre os pequenos, sem necessidade de serem autoritários. Basta que lhes expliquem o motivo pelo qual tomaram determinada decisão. E, uma vez tomada, mantê-la, para não confundirem a cabeça deles. Para isso é preciso que reflitam antes sobre como desejam educá-los.

Grandes causas da indisciplina:

  • Falta de conhecimento x insegurança
  • Falta de rotina
  • Críticas negativas
  • Exigências impróprias
    • Coisas que não são compatíveis com a idade da criança
    • Cobrar da criança atitudes que não lhe foram colocadas antecipadamente, ou seja, que não foram pré-determinadas.
    • Transferir para a criança responsabilidades que não são dela.
  • falta de contato físico, carinho
  • Liberdade sem barreiras x medo da perda
  • Agir por emoção e não razão (quando cansado, uma atitude, quando não, outra)

Como repreender os filhos:

Castigos são necessários, desde que aplicados na hora e maneira certa.

Existem determinadas regras que devem sempre estar presentes:

  • Fundamental concordância TOTAL entre os pais;
  • a criança deverá ter consciência antes de ser punida, tanto do antes quanto do como;
  • Nunca expor a criança;
  • Nunca distrair a criança do fato, isso é fugir da situação, pois esta não estará solucionada e ensinada, apenas tardamos.
  • Através de atitudes fazer com que a criança perceba que não pode ter tudo, mas existem muitas coisas que pode fazer ou ter. É a ocasião de recordá-la “Isto não… mas isto sim”.
  • Reservar o “não” para o realmente necessário. O excesso de negativas não é educativo, simplesmente limita a criança.
  • Firmeza: mantenha a disciplina que estabeleceu, acima de tudo. É necessário para que se sintam seguros.
  • Quem inicia a disciplina é quem deve cumpri-la até o fim, ou seja, se a mãe é quem está na situação, em hipótese nenhuma o pai deve interferir, nem mesmo com recomendações.
  • Quem disciplina o filho é apenas pai e mãe! Não queira passar responsabilidades para terceiros, como avós e babás.
  • Paciência e controle

 Agressão física: bater não passa de um desabafo dos pais, que demonstram, assim, não ter o devido controle sobre as próprias emoções.

O castigo deve ser proporcional a falta cometida. Este dá aos pais a sensação de dever cumprido, pois estão educando. E aos filhos, ele ajuda a compreender que fez algo de errado. A maneira como agimos nestes momentos, ensinam os filhos como deverão agir diante dos acontecimentos da vida.

Quando seu filho apronta, é preciso agir rápido. Para isso, é necessário que a criança saiba o que é certo antes de ser cobrada pelo que fez de errado. Abaixo, alguns exemplos de como agir perante a criança.

Encenação: Quando seu filho tem ataques de birra e gritos, pegue-o pela mão e, calmamente, explique que ele não terá o que quer e que assim que ele parar terá atenção. Enquanto ele permanecer na birra, não verbalize mais nada, apenas permaneça onde está. Assim que parar, cumpra com o prometido.

Uma situação Importante a ser destacada é se você estiver em uma festa, por exemplo, não vá embora, pense que quando punimos uma criança, essa deverá ser apenas dirigida a ela e se você deixar a festa punirá a família toda.

Olhar ou ironias: Deve ser muito claro verbalmente daquilo que você espera da criança, nada adianta um olhar bravo isoladamente ou uma ironia. Tem que ter a certeza que ela sabe do que você está falando. Além do que, criança é direta e concreta, ou seja, se você diz algo com outra intenção, como ironias, ela fará exatamente o que pediu!

 Repetição: Muita atenção com isso, pois é através da repetição que a criança nos vence pelo cansaço.

Devemos falar:
1º) a ordem seguida do porque;

2º) A ordem seguida da conseqüência se a mesma não for seguida;

3º) A conseqüência.

 Negociação: Se dois filhos seus, ou seu filho e um amigo, estiverem disputando um brinquedo, procure não intervir e dê-lhes oportunidade de se resolverem. Caso a situação chegue a agressão física, aí sim deve intervir. Fato muito importante, o dono do brinquedo não é obrigado a emprestar exatamente o que o outro quer, pense sempre que podemos e devemos optar pelo que vamos ou não emprestar à alguém.

 Grito: Nada eficiente! Mostra desequilíbrio e perda da razão.

 Bater na criança: Muitas vezes uma palmada acaba sendo necessária, até para que a criança saia de um surto, o que é muito diferente de uma surra, de uma agressão física, pois isso é a confissão de que você não consegue manter a situação sob controle. De mais a mais, não é punição, é desabafo.

Castigo: Em média, a partir dos 18 meses podem ser usados, embora que com muito zelo. Sempre estando bem claro para a criança que ela terá isso como conseqüência, determinando antes o tempo e local. NUNCA expor a criança ou causar medo a ela, pois desta maneira estará “fugindo” do foco.

 Restrição: Corte aquilo de que a criança mais gosta, desde que ela tenha sido avisada desta conseqüência e mais, tenha prazo pré-estabelecido.

  Reparar o erro: Sempre que possível, é essencial que a criança repare o que fez de errado antes de qualquer outra atividade.

 Desculpas: é essencial que a criança peça desculpas, mesmo antes que saiba falar, pode ser através de gestos, mas, tem que demonstrar o entendimento do erro.

 

Educar dá trabalho, mimo é comodismo!!!

Depois de castigar seu filho, não se sinta culpado, você o está EDUCANDO!

DÊ CARINHO E AMOR SEMPRE E NA HORA CERTA!

Abraços,

Carol Braga

Psicóloga Infantil

Contato:

carolbraga.psicologa@gmail.com

98224-3437